Todos vocês me conhecem, crianças,
adultos e jovens... Eu também já fui criança. Vocês não acreditam? Deixem-me contar
a minha história.
Quando eu era apenas um garoto, tive a ideia de fazer umas coisinhas para dar de presente para a minha família. Com uns pedaços de madeira, fiz uma bonequinha para minha irmãzinha, um cavalinho para meu irmãozinho – na verdade, ele era meu vizinho, mas era um amigão. Tudo era muito difícil, só tínhamos o amor de nossas famílias e de nossa vila.
Quando eu era apenas um garoto, tive a ideia de fazer umas coisinhas para dar de presente para a minha família. Com uns pedaços de madeira, fiz uma bonequinha para minha irmãzinha, um cavalinho para meu irmãozinho – na verdade, ele era meu vizinho, mas era um amigão. Tudo era muito difícil, só tínhamos o amor de nossas famílias e de nossa vila.
Então, quando meus pais morreram,
eu fui entregue para adoção. Comigo só restou o trenó que era de meu pai. Sobre
ele fui parar na minha nova casa. Bem, não era tão nova assim, e eu tinha de
trabalhar muito para colocá-la em ordem. A vida era dura. Só ouvia meu nome,
NICOLAU, quando fazia algo que não era do gosto do mestre, digo, do novo pai.
Havia muita neve lá fora, mas
isso não me impedia de trabalhar na fabricação dos móveis para o mestre. Eu
buscava madeira na floresta e o ajudava em tudo. Quando aprendi todo o
trabalho, eu me tornei carpinteiro profissional. Ele já não fazia nada, só me
assistia. E dormia. E como dormia! Acordado, estava sempre resmungado sobre
algo. E eu trabalhava dia e noite, sem
reclamar!
Então, quando finalmente eu podia
descansar, eu pegava os restos de madeira para fazer meus brinquedos. Todas as
noites daquele ano! Até que na Noite de Natal, eu pedi ao mestre para me deixar
entregar os brinquedos que eu havia feito para as crianças da vila onde nasci.
Em um raro momento de bondade,
ele permitiu que eu visitasse meus vizinhos e amigos. Saí com meu trenó e fui
distribuindo os presentes nas casas da vila. Felizmente, naquele tempo as
portas não tinham trancas. E eu podia entrar pé por pé e deixar o que eu havia
feito com tanto carinho. Meus ursinhos, cavalinhos, leões e piões, aguardavam o
amanhecer já no aconchego de um lar de verdade. O presente mais bonito, eu
ofereci aos meus pais que já estavam no céu!
Quando cheguei em casa, depois de
muitas entregas, o mestre me olhou de maneira diferente. Ele já não
resmungava e me falava palavras com carinho. Ele me contou um pouco de sua vida
e o porquê de sua amargura. E, de repente, tudo era mais alegre – nem os dias
eram tão cinzentos. Ele já não se incomodava com os restos de madeira que eu
transformava em brinquedos.
Os anos se passaram rapidamente e, nos Natais, o mestre me ajudava a distribuir os presentes que eu
havia feito. Seguíamos para a mesma vila que vi crescer e que, a cada dia,
contava com ainda mais crianças. E todas estavam em minha lista!
Quando o mestre partiu, herdei sua
oficina, minha fábrica de brinquedos, e suas economias. Investi tudo para
distribuir mais presentes, que ano após ano, chegavam mais longe, a mais vilas,
cidades, todos os lugares, levando alegrias a uma infinidade de crianças,
para celebrar o nascimento daquela que foi a mais importante entre nós.
Tive que fazer um novo trenó. Bem
maior! E achei as renas perfeitas para puxá-lo! Claro que eu tive de
treiná-las, o que não foi tarefa fácil. Cada uma queria ir para uma direção
diferente! Cai e levantei, algumas vezes! Fui persistente. No final, fiquei
amigo de cada uma delas e até lhes dei nomes: Rodolfo, Corredora, Dançarina,
Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago. Como eram atrapalhadas!
Mas eu as ensinei tão direitinho que elas até aprenderam a voar! Descobri que
com uma roupa vermelha elas me achariam facilmente, e jamais se perderiam de
mim! Ho-ho-ho-ho!
E as crianças começaram a
esperar, todos os anos, pelos presentes do velhinho do trenó, do Papai Noel –
assim elas me chamam! E ninguém suspeita que o Nicolau aqui é o bom velhinho. É
bom que seja assim! Vamos manter isto entre nós! Agora, o que não pode ficar em
segredo é que o verdadeiro presente de Natal é o nascimento de Jesus, que veio
ao mundo para trazer a Boa Nova, a mensagem de amor e de paz.
Como eu sei que as crianças sabem
amar incondicionalmente, eu continuo motivado para distribuir presentes a elas,
pois sem amor, eu nada seria! E enquanto houver amor, haverá Papai Noel!
Ho-ho-ho-ho!